segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vem cá, eu me conheço?

Essa idéia, de que cada um se conhece, é muito difundida. A mim parece que a maioria compra essa idéia sem avaliar bem. Ninguém se conhece. Claro, ninguém também é exagero. Mas, de 6 bilhões de seres humanos não acho que 600 se conheçam.

O autoconhecimento é difícil, doloroso, lento, não dá dinheiro, nem fama... E o "ser" anda em baixa nessa era do "ter".

Todos achamos que nos conhecemos. Isso porque fazemos uma imagem de nós mesmos e confiamos nela. A depender do nível de auto-estima esta imagem pode ser de herói, de galã, de santo, de gênio... Ou a pessoa pode ser ver como um monstro, ou burro, ou pervertido... Mas, o pior é quando a pessoa se vê como "normal". Pois "normal" não significa nada especificamente. "Normal" é só um rótulo. O "normal" é aquele(a) que pouco ou nunca olha pra dentro de si mesmo(a).

A imagem que o outro faz de nós costuma ser mais reveladora... Do outro! Normalmente pomos na nossa auto-imagem aquilo que queremos ver em nós mesmos e jogamos na imagem que fazemos do outro aquilo que é nosso, mas não aceitamos em nós. Muita gente que inicia um processo de auto-conhecimento desiste quando começa a encontrar em si aquelas coisas que sempre detestou nos outros...

O outro engano é achar que falar, criticar, elogiar, questionar, de nada serviria... Podemos, sim, com nossas palavras, conselhos, críticas etc., ajudar no processo de auto-conheciomento do outro. Só não podemos é transformar o outro na imagem que fazemos dele...

Sempre se há de sentir o que se fala, já disse o genial Gregório de Matos. A reação mais imediata a aquilo que se ouviu não costuma ser muito reveladora. Mas a palavra lançada é como um verme que vai roendo, roendo, roendo... até entrar bem no fundo da alma do ser humano.