domingo, 26 de setembro de 2010

Celebridades na política

O que tem de ruim numa celebridade se candidatando a um cargo público? Sério... eu tenho me perguntado muito porque tantos brasileiros se indignam com este fato. O que os desqualifica para representar a população?

Imaginei o seguinte: muito brasileiro acredita que a celebridade é aquilo que mostra na tv. Por isso Jackson Antunes apanhou na rua quando fez papel de marido bêbado que bate em mulher. Nem todos entendem que o ator Jackson Antunes estava apenas trabalhando..


É isso? É a dificuldade que o brasileiro tem de conceber que a celebridade é uma pessoa de verdade, que paga contas, cria filhos, alguns são síndicos de prédio... Por isso tantos se incomodam quando um jogador de futebol ou dançarina etc., disputa uma vaga no poder?

Não... não acho.

Aí você deve estar pensado no nível de escolaridade... Há um preconceito muito antigo de que governante tem que ser "dotô". "Otoridade" tem que ser "dotô"... Bem, este país tem sido governado por médicos, advogados, engenheiros, etc., há décadas. E não estamos satisfeitos. Sendo assim, de onde vem esta bobagem de que pra governar tem que ser dotô?
 

Ninguém aprende a representar a população na faculdade de medicina, aprende? Ou mesmo no exercício da medicina. Ou no exercício da advocacia, sei lá. Alguém aí sabe de uma a faculdade que prepare para o exercício do poder?

Outro argumento é que as celebridades serão "massa de manobra"...
Será que artistas ou esportistas seriam mais manipuláveis por partidos do que médicos, advogados, engenheiros, professores, etc.? Por que seriam?

O Clodovil, pelo menos, fez algo que partido nenhum apoia: incluiu na pauta de votações do Congresso o projeto de lei que reduz de 513 para 250 o número de parlamentares. Não tenho esperança de que seja aprovado. Mas, pra mim, isso significa que o Clodovil, sendo celebridade, não era manipulável.
E mais: não tenho conhecimento de médico, engenheiro, general, sociólogo ou torneiro mecânico que tenha tido peito pra fazer isso.

Talvez a indignação parta dos outros candidatos, que acham injusto disputar eleição com uma celebridade... Ou, junto a isso, os seus eleitores fiéis tomem suas dores temendo que o famoso vá roubar votos do seu "eleito".
Já ouvi alguém dizer que os partidos chamam e aceitam as celebridades pra isso: roubar votos do adversário.
Sabe de uma coisa? Certo tá meu irmão que só reconhece dois tipos de político: o que está no poder e o que está doido pra entrar.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Obviedades

Só dois tipos de pessoas falam mal do casamento: solteiros, ou seja, aqueles que não sabem do que estão falando, e pessoas cujo casamento deu/está dando errado.

Quem está mal no casamento ou teve um casamento naufragado não tem muitas razões para falar bem dele. É de se esperar mesmo que destilem todo o fel que estão sentido ao falar do casório. Parece que se sofre muito quando o casamento afunda. Muita mágoa, muito rancor, muita desilusão... E muito desejo de culpar o outro, culpar a família do outro, culpar o casamento, enfim. Há também pouca disposição pra assumir sua própria parcela de culpa... Respeitemos a dor de quem passa/passou por isto.

Mas, nós, sortudos por não estamos em suas peles, saibamos filtrar o que ouvimos. E por mais cruel que pareça pensemos: se entendessem de casamento tanto assim será que o resultado não seria outro?

Já os solteiros se agarram a tudo que ouvem de quem se deu mal no casamento e saem por aí repetindo piadas amargas ou cínicas por um motivo: eles não querem deixar de ser solteiros. Claro, são jovens (a maioria), estão trabalhando (nem todos, infelizmente), se livraram da encheção dos pais, muitos já moram sozinhos... o casamento será o fim de tudo isso, dizem os "divorciados", será o fim da "liberdade", será o fim da "melhor fase da vida" diz o mundo. Parecem ótimas razões para adiar o casamento até o fim da vida...

Bom, talvez fosse interessante consultar TAMBÉM os que se consideram felizes no casamento. Mas, não... vai que eles te convencem...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vem cá, eu me conheço?

Essa idéia, de que cada um se conhece, é muito difundida. A mim parece que a maioria compra essa idéia sem avaliar bem. Ninguém se conhece. Claro, ninguém também é exagero. Mas, de 6 bilhões de seres humanos não acho que 600 se conheçam.

O autoconhecimento é difícil, doloroso, lento, não dá dinheiro, nem fama... E o "ser" anda em baixa nessa era do "ter".

Todos achamos que nos conhecemos. Isso porque fazemos uma imagem de nós mesmos e confiamos nela. A depender do nível de auto-estima esta imagem pode ser de herói, de galã, de santo, de gênio... Ou a pessoa pode ser ver como um monstro, ou burro, ou pervertido... Mas, o pior é quando a pessoa se vê como "normal". Pois "normal" não significa nada especificamente. "Normal" é só um rótulo. O "normal" é aquele(a) que pouco ou nunca olha pra dentro de si mesmo(a).

A imagem que o outro faz de nós costuma ser mais reveladora... Do outro! Normalmente pomos na nossa auto-imagem aquilo que queremos ver em nós mesmos e jogamos na imagem que fazemos do outro aquilo que é nosso, mas não aceitamos em nós. Muita gente que inicia um processo de auto-conhecimento desiste quando começa a encontrar em si aquelas coisas que sempre detestou nos outros...

O outro engano é achar que falar, criticar, elogiar, questionar, de nada serviria... Podemos, sim, com nossas palavras, conselhos, críticas etc., ajudar no processo de auto-conheciomento do outro. Só não podemos é transformar o outro na imagem que fazemos dele...

Sempre se há de sentir o que se fala, já disse o genial Gregório de Matos. A reação mais imediata a aquilo que se ouviu não costuma ser muito reveladora. Mas a palavra lançada é como um verme que vai roendo, roendo, roendo... até entrar bem no fundo da alma do ser humano.